O primeiro telemóvel que houve na minha família era um robusto e pesado aparato, marca AEG, que tinha um auricular de corpo inteiro com um cabo destes com caracol que o ligava ao battery-pack e à antena de meio metro. Era pró meu irmão mais velho estar comunicável nos seus estabelecimentos comerciais móveis, aka camiões do pão com chouriço. Pelo caminho, o tamanho e peso destes trastes reduziu-se, no entanto as suas capacidades, funcionalidades e inteligência aumentaram. Hoje conseguem-se colocar muitos milhões mais de transístores no mesmo espaço de há 15 anos atrás.
No congresso da semana passada, falou-se muito de um conceito etéreo chamado LTE; LTE é uma das propostas de implementação do vizinho futuro do telefone móvel, aliás reprodutor de musica, aliás navegador GPS, aliás agenda pessoal, aliás câmara de vídeo, aliás comando de televisão, aliás browser de Internet, aliás computador de bordo do carro, aliás interface dos sensores do forno eléctrico, aliás chaves de casa... Long Term Evolution. A 4ª geração de telemóveis, seja ou não LTE a tecnologia adoptada, estará enredada dos pés à cabeça. A especificações de largura de banda para um aparelho 4G poderão chegar ou até passar os 100Mbps, isto trocado em miúdos quer dizer 100 vezes mais capaz que a ADSL cá de casa!
Isto quer dizer que no futuro todo e qualquer aparelho com um ecrã a cores e umas teclas terá acesso à rede, seja esta a Internet, ou a rede de electrodomésticos lá de casa; poderemos saber se a máquina de lavar está a enxaguar ou a centrifugar neste preciso momento... precisamos mesmo de tudo isto?! O senhores aqueles, donos das suas franjas de mercado acham que sim; porque isto vai permitir aos operadores vender o espaço publicitário de 2 segundos que é a palma da sua mão depois de uma chamada perdida!
Os telemóveis serão um ente mais da comunicação sem fios que vamos viver no futuro; tudo poderá estar conectado. Até as bonecas das minhas filhas (quando as tiver) poderão ter traços faciais on-screen adaptáveis à sua disposição, e as bonecas das amigas das minhas filhas (as que forem compatíveis) poderão adequar a disposição delas de acordo com esse factor. Assim, se a Barbie de Barcelona, estiver triste, a tua em Lisboa poderá contar-lhe uma anedota e assim ela fica mais contentinha. Espero que a boneca me guarde umas palavras de apreço quando no final do mês tenha que pagar a factura dos telefonemas dela.
O turbilhão da tecnologia pode acabar por nos levar muito mais longe do que aquilo que agora podemos só imaginar, e os progressos da robótica e da nanotecnologia ainda nos vão fazer cair o queixo de espanto muitas vezes. Nem mesmo o céu é o limite. Espero que continue a ser válida pró futuro a máxima de que “Quando a tecnologia constrói barreiras, um abraço rebenta com elas!”
Na próxima semana: Caramelos grátis!!!
E os habitais links desta semana:Ghost in the Shell 2029: Inteligências artificiais com dúvidas existenciais
Ray Kurzweil Futurólogo
MIT's Technology Review na vanguarda da técnica
Foto via Dustbowl