sábado, maio 02, 2009

Hello world!

A minha cunhada mais nova, o Motta (com dois t's) e o Gaiolas (nomes fictícios), foram as três pessoas que me falaram no Zeitgeit; estes dois filmes documento (e como tal, declarações de um autor - Peter Joseph) da nossa história recente, ou talvez não, a mim deixaram-me empanadinho (desnorteado em emigrante) e preciso de opiniões... e debate!

Zeitgeist (2007) começa com uma sequência de fotogramas bélicos de deixar deprimido e passa à (des)montagem da teologia desde o tempo dos egípcios - olhos no cosmos, em busca de respostas no céu às preguntas do homem cá em baixo. O passo da religião ao dinheiro neste filme é um pulinho, dinheiro que acaba todo nos bolsos dos bancos, e não nos nossos, e o desanque final à nova ordem mundial é o topping. O segundo filme (Zeitgeist: Addendum - 2008) é a continuação da explicação das manhas do corrupto poder e uma apresentação de propostas de acção e activismo. Zeitgeistmovement explica.

É teologia, astrologia, economia, psicologia, poder, conspiração, guerra e amor; é demasiada areia prá minha camioneta... a sério. "Antes de teres 50 anos nao vais saber nada da vida", já lhe dizia o pai ao jovem T.Bone Burnett que queria ser escritor, assim que aproveito esta púbere manifestação para pedir da vossa parte (vou tentar ser mais cuidadoso e responder aos comentários e aceitar convites de colestrol e tertúlia...) ideias e relexões que me ajudem a ter um bocadinho mais de aquilo que em catalão se diz aclariment. enlightenment, propositadamente em minúsculas.

O Cosmos, a ordem, trouxe-nos macaquinhos desde a terra mãe (The Genographic Project explica) até aqui ao outro lado do meioterreno, a parar a beber e comer do Nilo pelo caminho... estrelas e imaginação de cobertor aos corpos nus de primata que ainda levamos dentro, caganças à parte. As coisas que demorámos uns milénios a aprender alí na lezíria de Alexandria ainda cá andam, mais distorcidas, mas ainda cá andam... as coisas que não habemus perdido naquele incêncio ainda servem para ajudar a esta coisa do aclariment, superado o choro ao leite derramado, mas bién luto ao papiro queimado. Aprendemos a agricultar, a perceber da natureza a beleza mágica do "morrer e nascer de novo", como o sol, o primeiro dos deuses de que se fala no filme. E de saber ler nos astros, perdemos o medo do mar.

Quase tudo o que o homem aprendeu a fazer foi a observar as coisas, experimentar com elas numa determinada ordem e a analizar o resultado; a quantidade de vezes com que esbarrámos com ordens que mais tarde se provaram erradas é tão imensa como a estupidez humana, mas este diabo que levamos no corpo é propicio a tentar de novo, ao "baralha e volta a dar"... felizmente. E dar um passo adiante depois de falharem os resultados é tudo o que temos, é a viva alma da natureza humana, o método científico, a tecnologia.

E se algo fez a tecnologia nos ultimos anos foi dar-nos uma liberdade que agora nos querem tirar. A rede de comunicação livre que todos usamos, (pago o preço da largura de banda ao nosso ISP) a Internet, possibilita-me a mim, escritor imberbe, este direito fundamental dos seres humanos que é a liberdade de expressão, já seja através destes textos, das minhas ideias musicais inacabadas em computadores emprestados, ou whatever. Possibilita-me ligar pelo Skype prá minha familia em Portugal mais barato que pela Telefónica. Permite umas possibilidades de busca e partilha de conhecimento desinteressado nunca antes vistas. Permite as nossas próprias telenovelas sociais no Facebook e no Hi5, ou mesmo uma segunda vida.

A Internet tal como a conhecemos está em perigo. Dia 6 de Maio vota-se no Parlamento Europeu o chamado "Pacote das Telecomunicações" que pode mudar as regras da Internet de um simples sistema de comunicação de dados entre duas partes, a uma regulamentada rede de conteúdos acessíveis em pacotes, que se supõe que temos que comprar para aceder. Este pacote de medidas, disfarçado de sistema de protecção do consumidor e da propriedade intelectual, e a criação de uma nova agência europeia que regule os conteúdos e a forma como os utilizadores acedem a eles, é na verdade um atentado ao pequeno e-comércio, aos sites com pouco público, à neutralidade da Internet e como tal à liberdade.

A Internet é um mecanismo de comunicação à escala global que trás mais-valias, bem estar e qualidade de vida a milhões de pessoas no planeta inteiro. Da mesma maneira que se regulou a rádio nos anos 80, e se fecharam todas aquelas estações pequenas a que ousararam chamar de piratas, ilusão de dois hippies e uma antena, a mão invisivel do mercado está a querer fechar-nos a Internet, e a transformá-la num espaço controlado por lobbies e pelo dinheiro, como a televisão; e isto históricamente pode ser tão terrível como as chamas de Alexandria.

No final de Zeitgeist: Addendum, Peter Joseph propõe-nos uma série de mecanismos para dominar esta mão invisível que maneja aqueles em quem votamos, marionetas dos verdadeiros donos do poder... e um destes mecanismos é proteger a Internet. Espero que ainda vamos a tempo, porque a votação da euro-câmara pode ter um impacto maior nas nossas vidas que os euro-deputados que elegeremos em breve...

Hoje farei secção especial de links em dois blocos com algumas das minhas razões para amar a Internet, e alguns enlaces para ajudar a protegê-la:

OCW Massachusets Institute of Technology OpenCourseWare
Wikipedia A enciclopédia livre global que tu podes editar
TED Technology Education Design
Os muitos forums (de som, luz, video, do Linux, de software, etc...) onde gente de todo o mundo, respondeu desinteressadamente às minhas preguntas... gracias!

Zeitgeist Porque o tópico é utópico... veja você mesmo!
I-Power Net Neutrality Watchdog
Pat Condell Cómico inglês, advogado do diabo